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É impossível não falar em favoritismo para os pilotos da Honda Racing Brasil. Afinal, juntos, somam nove vitórias no Sertões, sendo as últimas cinco consecutivas. Tunico Maciel (atual bicampeão) e Jean Azevedo (recordista, com sete conquistas) são fortes apostas para manter a hegemonia. Na última hora, o time sofreu o desfalque do gaúcho Gregório Caselani, campeão de 2016, que se contundiu na reta final de preparação. Assim, a terceira CRF 450 RX do time será comandada por Júlio Zavatti, o Bissinho, que inicialmente lutaria por mais uma conquista na categoria Rally Moto Brasil, para motos fabricadas no país e sua CRF 250F passa para o mineiro Thiago Veloso. Vindo do enduro de regularidade, ele planejava disputar a prova no ano que vem, mas ganhou a chance de antecipar a estreia.
Para os adversários, o mineiro Tunico manda o recado: está melhor preparado do que nunca, assim como o equipamento. Mas, numa edição em que terá a chance de atravessar o estado natal, ele acredita numa 'briga de cachorro grande' até Barreirinhas, com aspectos novos que ajudam a fazer a diversidade do Sertões a cada edição.
Às vésperas de sua 25ª participação (quatro delas nos carros), o recordista Jean Azevedo espera uma prova diferente, mas à altura da tradição. E prevê uma disputa equilibrada entre Honda e Yamaha. Jean lamenta que a pandemia impeça o contato com o público ao longo do percurso, mas lembra que o formato das bolhas não é novidade em provas do tipo.
O francês Adrian Metge (Yamaha WR 450F/IMS Yamaha) dá o toque internacional à prova, com um currículo de respeito. Depois de ser o 12º no último Dakar disputado na Arábia Saudita, ele encara o Sertões pela segunda vez (foi terceiro em 2015 e venceu a categoria Production). A IMS Yamaha conta ainda com Ricardo Martins e Tulio Malta.
Outro destaque é a estreia de um dos mais fortes nomes do enduro de regularidade dos últimos anos. Fluminense radicado no Paraná, Emerson Loth, o Bombadinho, encara o Sertões com uma KTM 450 da equipe Pro Tork. Ele é o tetracampeão Brasileiro de Enduro de Regularidade e fará sua estreia no Sertões. Seu discurso é de aprendizado e adaptação, mas vale lembrar que vários entre os campeões da prova começaram na modalidade - Tunico e o hoje chefe da equipe Honda Dário Júlio são os principais exemplos.
Uma atração à parte na edição deste ano é a disputa da categoria Self by Motul. Onze pilotos vão encarar o Sertões com o desafio de serem os responsáveis pela manutenção das próprias motocicletas. Para eles, é como se todas as etapas fossem Maratona. Além da missão de acelerar poupando o equipamento na medida do possível, a perspectiva é de menos horas de descanso, já que não há a ajuda de mecânicos e equipe de apoio na hora da manutenção nas bolhas.
"Com a prova em novembro, é bem provável que a gente enfrente chuva e trechos com lama; o que eu, particularmente, gosto. E a última etapa, com muita areia e navegação, tem tudo para ser a grande dificuldade desta edição. Mas o Sertões se faz com o desempenho a cada dia, é preciso superar cada etapa antes de pensar na próxima. Não vejo a hora de acelerar", afirmou Tunico Maciel.
"A Yamaha tem um time forte, o Adrien traz a experiência internacional e correu o Sertões em 2015; o Ricardo e o Túlio têm andado bem também. Mas vamos procurar usar toda a nossa experiência para manter o título em casa. Além do começo em São Paulo, com uma primeira especial diversa das demais, a soma dos trechos cronometrados será um pouco menor, e eu imagino que o percurso seja mais travado. E a organização já prometeu uma última etapa exigente nos Lençóis Maranhenses, com bastante navegação. Muito provavelmente a prova se definirá no último dia", disse o piloto Jean Azevedo.
"2015 foi minha estreia no Sertões, eu vinha do enduro, e era uma edição que terminava em Foz do Iguaçu. Agora vai ser bem diferente. Andei em vários tipos de terreno, gostei das duas provas que fiz aqui este ano, tenho uma boa moto, uma boa equipe, então está tudo certo para um bom resultado. O Sertões é sempre uma prova bonita, bem organizada, então será muito prazeroso, vou fazer o melhor para tentar a vitória", afirmou Adrien Metge.
"Tenho estudado muito o evento, seu roteiro e características. Vou focado em fazer uma boa prova, mas sei que será uma pedreira e tanto, disputada em altíssimo nível. E é claro que estou ansioso, né? Acredito que participar é um sonho de praticamente todos os pilotos do Brasil, independente da sua categoria ou modalidade", disse Emerson Loth – Bombadinho,
A competição
Um ano diferente pede um Sertões diferente. O maior rally das Américas se transforma no "Rally da Solidariedade". A 28ª edição da prova traz adaptações relevantes nas suas três dimensões: Esporte, Social e Turismo. A missão este ano é levar acesso à medicina de qualidade e fomento econômico para as comunidades remotas e carentes do Brasil. Este ano a ação social do Sertões está focada em dois pilares: 1. Saúde: a instalação de unidades de teleatendimento médico gratuito de qualidade, projeto inovador desenvolvido pelo SAS Brasil; 2. Legado econômico: Ação coordenada com o SEBRAE em apoio à campanha 'COMPRE DO PEQUENO'. Aquisição de cestas básicas de pequenos produtores locais que serão distribuídas nas regiões aos que estão sem trabalho e renda, além de todo abastecimento das Bolhas Sertões. O lado competitivo da prova foi adaptado e traz um protocolo de segurança especial com 10 medidas. A caravana ficará isolada em bolhas durante o percurso, em acampamentos fechados. Já a dimensão Turismo, que revela lugares que pouca gente conhece, foi postergada para 2021.
Sertões 2020
O Sertões 2020 sai da Fazenda Velocitta, em Mogi Guaçu (SP) dia 30/10 e chega em Barreirinhas (MA) dia 07/11. Vai cruzar cinco Estados e o Distrito Federal – SP, MG, DF, GO, TO e MA. Este ano, excepcionalmente, não haverá chegada às cidades anfitriãs. Toda a caravana se fechará em bolhas - locais isolados, afastados de adensamento. Esses locais serão mantidos sob sigilo, a fim de evitar aglomeração. Os locais exatos das bolhas só serão revelados aos competidores na véspera. Todos seguirão por uma rota pré-estabelecida e monitorada.
O roteiro
30/10 Sexta feira - Prologo
Terá 4.730 metros. Sinuoso com algumas retas. Piso liso (misto de cascalho e pedrisco), exigirá muita perícia e concentração. O percurso não permite erros, pois não terá áreas de escape.
1ª Etapa – Bolha Velocitta - Sábado, 31/10 (Mogi Guaçu/SP)
DI - 260 km | TE - 205 km | DF - 120 km | Total – 585 km
Domingo, 01/11 (SP->DF)
Deslocamento para Brasília (DF)
2ª Etapa – Segunda-feira, 02/11 (DF->GO)
1ª perna Maratona Renê Melo
DI - 159 km | TE - 353 km | DF - 0 km |Total - 512 km
3ª Etapa – Terça-feira, 03/11 (GO ->GO)
2ª Perna Maratona Paulo Gonçalves
DI - 0 km | TE - 200 km | DF - 169 km | Total - 369 km
4ª Etapa – Quarta-feira, 04/11 (GO->TO)
DI 26 km | TE 329 km | DF 295 km | Total 650 km
5ª Etapa – Quinta-feira, 05/11 (TO->MA)
DI - 99 km | TE - 227 km | DF - 284 km | Total - 610 km
6ª Etapa – Sexta-feira, 06/11 (MA->MA)
DI 128 km | TE 300 km | DF 313 km | Total 741 km
7ª Etapa – Sábado, 07/11 (Barreirinhas/MA)
DI 258 km | TE 223 km | DF 34 km | Total 515 km
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